O setor industrial gaúcho está próximo de retomar o nível de atividade verificado em fevereiro desde ano, último mês antes da chegada da pandemia de coronavírus ao Estado. A conclusão consta em relatório de desempenho divulgado nesta terça-feira (3) pela direção da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul).
Ainda que sobre uma base muito deprimida, o IDI (Índice de Desenvolvimento Industrial) do Estado cresceu 4,6% em setembro, na comparação com agosto, feito o ajuste sazonal. “A retomada é sustentada pela melhora da demanda interna, com a queda de juros e abrandamento das restrições de funcionamento dos setores econômicos, além dos programas emergenciais de estímulo”, frisou a entidade.
A atividade do setor encerrou o terceiro trimestre mantendo a forte tendência de recuperação que se seguiu às quedas e aos níveis históricos no bimestre março/abril. “Ainda não podemos falar em recuperação das perdas da pandemia, mas sim de retorno aos patamares anteriores a março, em um contexto de perdas ainda grandes no acumulado do ano”, ressalvou o presidente da Fiergs, Gilberto Petry.
Ele ressaltou que o faturamento, por exemplo, apresenta uma queda anual de 6,9% e precisaria crescer cerca de 22% no último trimestre do ano frente ao anterior para fechar 2020 com crescimento zero nessa variável.
Recuperação
Essa foi a quinta expansão consecutiva do IDI do Rio Grande do Sul (com agregado de 30,2% no período), e o índice tem de avançar apenas 1,2% para retomar o nível de fevereiro. Todos os componentes do índice cresceram na comparação mensal dessazonalizada.
As compras industriais (14,8%), as horas trabalhadas na produção (12,7%) e o faturamento real (9,3%) recuperaram os níveis pré-pandemia. A UCI (utilização da capacidade instalada) subiu mais 2,9 pontos percentuais e alcançou o grau médio de 78,7%.
Já o emprego, com uma elevação de 1,4%, a quarta seguida, e a massa salarial real (0,7%) permaneceram abaixo dos níveis de fevereiro, sendo o indicador de salários o mais distante.
Na comparação com setembro de 2019, o IDI-RS registrou a primeira alta, após 11 recuos sucessivos: 2%. Mas, no acumulado de janeiro a setembro de 2020, o índice de atividade recuou 8,4% na comparação com o período equivalente do ano passado. Mesmo assim, houve uma pequena desaceleração na queda, que havia chegado a 9,7% até agosto.
Ainda de acordo com a avaliação do presidente da Fiergs, se continuar o processo de reabertura da economia, os juros baixos e alguma melhora no mercado trabalho, a expectativa é de manutenção da tendência de recuperação da atividade industrial gaúcha nos próximos meses.
“Mas também há muita incerteza com relação ao impacto da redução dos programas de estímulos, à evolução da pandemia e, principalmente, à situação fiscal do País em um cenário marcado ainda pelo desemprego elevado, pela demanda externa desaquecida e pela elevação de preços e escassez de insumos e matérias-primas”, finalizou.
(Marcello Campos)