O que se sabe e o que falta saber sobre caso de tortura e execução de duas pessoas após suporto furto no RS

Vítimas teriam dito a amigos que tentariam furtar baterias em depósito de veículos. Crime teria sido uma represália de dono, segurança e motorista de guincho do local, segundo polícia.

A Polícia Civil fez, na manhã desta terça-feira (2), uma coletiva de imprensa na Delegacia Regional de Canoas para detalhar a investigação dos assassinatos de um adolescente e de um jovem, de 16 e 19 anos, ocorridos em 31 de março em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Os dois teriam sido torturados antes de serem mortos após um suposto furto de baterias em um depósito de carros na cidade. O mais velho foi identificado como Wesley Amaral dos Santos. Já o mais novo é Jonathan Xavier Lopes.

Confira, ao longo da reportagem, o que já se sabe e o que falta saber sobre os crimes.

O que aconteceu?
Como as vítimas foram mortas?
Onde estavam os corpos?
Quem são os suspeitos do crime?
Alguém já foi preso?
Como funciona a prisão temporária?
Quais os próximos passos da investigação?
1. O que aconteceu?
De acordo com o relato de testemunhas à Polícia Civil, Wesley e Jonathan desapareceram entre a noite de 30 de março e madrugada de 31 de março. Amigos dos dois contaram que eles teriam dito que iriam furtar baterias de carros em um depósito, o que fez com que familiares fossem procurá-los.

Os parentes achavam que os dois haviam sido presos, mas eles já estavam mortos.

“Os dois meninos sumidos. Nisso, aparecem dois corpos de dois meninos não identificados. Já deu aquele baque no coração. Porque a gente já sabia que eram eles. Só que daí a gente pensa: por que tanta crueldade?”, questiona a mãe de Jonathan, Edilaine Xavier.

Dois rapazes procuraram a polícia, admitindo que estavam com Jonathan e Wesley no momento do furto. Eles dizem que os dois se renderam para um segurança do local, que tinha dado tiros de alerta para cima.

“Se entregaram. O guardinha mandou eles deitarem no chão. Primeiro, ele deu quatro tiros pro alto. Ele falou: ‘perderam, perderam, deita no chão’. Daí nós saímos correndo pro mato. Ficamos escutando. Os guris quietos, deixaram no chão. Se renderam”, diz um deles.

Polícia investiga morte de adolescente e de jovem em Sapucaia do Sul

2. Como e por que as vítimas foram mortas?
A delegada Angélica Giovanella, responsável pela investigação, conta que Wesley e Jonathan foram capturados por um segurança do depósito logo que entraram no local. Amigos que estavam com eles conseguiram fugir. A dupla teria sido ameaçada por um segurança que estava armado com uma arma de fogo.

“Os dois foram amarrados e, possivelmente, torturados e executados. Um deles foi morto com um tiro na cabeça e o outro, pelas costas”, conta a delegada Angélica.

O crime teria sido uma represália pela suspeita de furto no local.

3. Onde estavam os corpos?
A investigação da Polícia Civil indica que os corpos das vítimas foram levados de caminhonete até um estrada que fica na parte de trás do depósito onde elas foram mortas.

“Os corpos foram carregados dentro de uma caminhonete que estava no depósito. Andaram por cerca de sete ou oito minutos. Eles foram descartados na estrada e, então, o veículo voltou para o depósito”, relata a delegada Angélica.

4. Quem são os suspeitos do crime?
Até agora, três pessoas foram identificadas como suspeitas do crime: o segurança, o proprietário do depósito e o dono de um guincho que presta serviço para o local. As identidades deles não foram divulgadas.

A Polícia Civil solicitou à Justiça mandados de prisão temporária contra eles, pedido que foi aceito. Há suspeita da participação de outras pessoas nos crimes.

“Outras pessoas, que não estavam no depósito quando as vítimas foram capturadas, foram chamadas para ir ao local. Não podemos divulgar mais informações por enquanto porque isso pode atrapalhar a investigação”, explica a delegada Angélica.

5. Alguém já foi preso?
O proprietário do guincho, Rudimar da Silva Rosa, foi preso temporariamente na segunda-feira (1º). Ele se apresentou na delegacia de Camaquã e prestou depoimento no mesmo dia. Detalhes do relato dele à polícia não foram divulgados porque isso poderia prejudicar a investigação.

A advogada Luana Teixeira Xavier afirma que Rudimar se declara “totalmente inocente aos fatos contra ele imputados e, por estar sofrendo represálias, resolveu se apresentar para responder ao processo e provar sua inocência”.

O proprietário do depósito de carros, Leopoldo Potter, e o segurança, Tiago Moré Martins, são considerados foragidos pela Justiça.

O advogado Lucio Constantino, que representa Leopoldo Potter, diz que vai se manifestar “assim que tiver acesso à investigação”. A RBS TV não localizou a defesa do segurança.

6. Como funciona a prisão temporária?
A prisão temporária é um tipo de prisão cautelar prevista na legislação brasileira.

De acordo com o advogado Marcelo Fidalgo, o objetivo da prisão temporária é evitar que, em liberdade, pessoas investigadas por crimes de maior gravidade possam dificultar a colheita de elementos de informação durante a investigação policial.

“A finalidade da prisão temporária, regulada pela Lei 7960/89, é assegurar uma eficaz investigação policial”, afirma Fidalgo.

A prisão temporária tem duração de cinco dias e pode ser prorrogada por mais 5 dias em caso de “extrema e comprovada necessidade”.

7. Quais os próximos passos da investigação?

A Polícia Civil trabalha para localizar os dois suspeitos do crime que já foram identificados e estão foragidos. Além disso, quer encontrar as armas de fogo usadas nos crimes. Elas estariam em situação irregular, ou seja, não estavam legalizadas.

Além disso, a polícia tenta identificar outras pessoas que podem ter envolvimento nos assassinatos.
 

By Natasha Figueredo

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