Por Redação O Sul | 11 de novembro de 2020

Quebra de segurança foi acompanhada de postagens com críticas ao Judiciário. (Foto: EBC)
Ferramenta de importância fundamental em meio à pandemia de coronavírus, o sistema de processos eletrônicos do TJ (Tribunal de Justiça) do Rio Grande do Sul foi alvo de uma invasão por hackers nesta quarta-feira (11). Além da quebra de segurança, os autores do ataque – ainda não identificados – deixaram uma “pichação virtual” com críticas do Poder Judiciário.
Além da foto de um jovem escondendo o rosto com um boné e fazendo gestos obscenos com as mãos, junto com um texto: “O sistema de Justiça é corrupto e podemos ver o ‘estupro culposo’”. O responsável pela invasão se autodeminou DemonSad.
Segundo a Corte, o incidente não atingiu processos e outros bancos de dados do TJ gaúcho. O caso será investigado pela Polícia Civil.
Sediado em Porto Alegre, o órgão emitiu uma nota sobre a invasão: “Na tarde desta quarta-feira, o hotsite informativo do eproc foi adulterado por hackers, porém, sem comprometimento dos sistemas do Tribunal de Justiça. Constatou-se que o ataque não atingiu processos e outros bancos de dados do Judiciário estadual”.
O comunicado garantiu, ainda, que o problema já foi corrigido, com “o reforço de proteção para impedir novos acessos, bem como medidas já foram adotadas para rastrear a autoria do ato”. No o final da noite, porém, o site (www.tjrs.jus.br) estava fora do ar.
Ao utilizar a expressão “estupro culposo”, o hacker provavelmente se referia ao polêmico caso envolvendo a influenciadora digital Mari Ferrer, cujo julgamento em processo como vítima de abuso sexual em Santa Catarina. O assunto ganhou projeção internacional depois que a reprodução de cenas de audiência do processo mostra o advogado do réu (um empresário) humilha e desacredita a vítima.
STJ
O site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul foi invadido uma semana depois que o endereço eletrônico do STJ (Superior Tribunal de Justiça) também foi alvo de hackers. Peritos classificaram o incidente como o mais grave ataque cibernético já verificado nos órgãos públicos de Brasília.
A PF (Polícia Federal) já abriu inquérito sobre o caso, que acabou prejudicando pelo menos 12 mil dos 255 processos que tramitam no STJ. A investigação conta, ainda, com a colaboração de especialistas do Exército. Já a Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação da própria Corte está providenciando a restauração dos sistemas de informática.
Mesmo com a recuperação de arquivos por meio de um sistema de backup de segurança, os especialistas ressaltam que os invasores adicionaram chaves de criptografia ao sistema. Não está descartada a hipótese de que o episódio envolva não apenas o chamado “cyberterrorismo”, mas também uma eventual tentativa de extorsão (obtenção de dinheiro ou vantagem mediante chantagem) contra réus dos processos afetados.
(Marcello Campos)