Por Redação O Sul | 9 de novembro de 2020
O número de casos de denúncia aumentou, passando de 36 em 2019 para 66 em 2020.
Foto: Divulgação Seapdr
O número de casos de denúncia aumentou, passando de 36 em 2019 para 66 em 2020. (Foto: Divulgação Seapdr)
Os resultados dos primeiros laudos de exames feitos em 18 amostras de denúncias de uso de herbicidas hormonais revelaram que metade deu positivo, sendo oito em propriedades rurais distintas. Do total, quatro apresentaram ainda o princípio ativo Clomazona, ou seja, teve propriedade rural que foi atingida não só pelo herbicida hormonal 2,4D, mas também por outro.
O levantamento foi realizado pela Disa (Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários) da Seapdr (Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural) entre 1º de agosto a 5 de novembro. O período analisado corresponde ao início das denúncias referentes à safra de verão 2020/21.
Até 5 de novembro, a Secretaria da Agricultura contabilizava 61 propriedades rurais distintas com registro de denúncias em virtude de deriva de vários agrotóxicos, sendo que nestas foram coletadas 64 amostras.
“Numa análise mais detalhada feita pela Disa, observamos que até 5 de novembro, 39 propriedades rurais tinham sintomas visuais de herbicidas hormonais. Ou seja, 64% do número total de propriedades rurais que fizeram as denúncias. O levantamento final dependerá dos resultados químicos”, afirma o chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários da Seapdr, Rafael Lima.
Denúncias de deriva
Os dados revelam ainda um aumento no número de denúncias relacionadas com a deriva de todos os tipos de agrotóxicos. Entre 1º de agosto e 5 de novembro, foram registradas 66 denúncias, em 61 propriedades rurais, contra 36 no mesmo período de 2019, um aumento de 83%. Se forem contabilizadas apenas as denúncias relacionadas aos sintomas de agrotóxicos hormonais, foram 39 em 2020 contra 35 em 2019. O número de coletas de amostras, no mesmo período analisado, teve também um aumento de 16%, sendo 55 coletas em 2019 contra 64 em 2020.
Municípios prioritários
Nos 24 municípios prioritários, aqueles listados pelas instruções normativas no ano passado, foram realizadas coletas de amostras em 29 propriedades rurais denunciantes entre 1º de agosto e 5 de novembro. No mesmo período, no ano passado, foram 23 propriedades, registrando um aumento de 26%. Nem todas as 29 propriedades tiveram deriva de hormonais, já que houve registro do uso de outros produtos como Clomazona, Glifosato e Paraquate. Neste momento, a secretaria aguarda o resultado das análises feitas em laboratório.
Além dos 24 municípios prioritários, houve ocorrência em outras localidades, passando de nove em 2019 para 14 neste ano, um aumento de 55%. No mesmo período, em alguns municípios foram observadas reduções no número de propriedades atingidas por deriva, como, por exemplo, em Dom Pedrito, que passou de quatro (2019) para três (2020), e Santana do Livramento, de quatro (2019) para dois (2020).
Por outro lado, alguns municípios que não tiveram ocorrência no ano passado, no período analisado, aparecem pela primeira vez nas estatísticas deste ano, como Bagé, Cacique Doble, Itaqui, Lavras do Sul e Mata. Candiota e Jari, que registraram coletas em 2019, não tiveram registro neste ano.
“Essa diferença pode estar relacionada com os períodos de aplicação, podendo ter sido atrasado ou até adiantado em alguns municípios. Ou ainda, nos municípios com redução do número de propriedades, com a conscientização e emprego de uma aplicação correta e segura”, ressalta Rafael Lima.
O município de Jaguari, que está entre os municípios prioritários, teve até o momento 10 propriedades com registro de denúncia por deriva, representando 35,7% das propriedades atingidas nos 24 municípios prioritários. Quando se compara com o geral de propriedades, municípios prioritários e não prioritários, o percentual de Jaguari é de 22,22%.
Dados preliminares
“Observamos um aumento das denúncias no geral, indicando uma maior percepção do produtor rural, além de ele saber onde fazer a denúncia e saber que terá atenção do Estado, através da Seapdr. E um pequeno aumento, quando comparados os casos de denúncias com sintomas de herbicidas hormonais, no período analisado de 2019 e 2020”, afirma Lima. “Ainda é cedo para deliberarmos qualquer conclusão, mas o fato de metade dos laudos não terem 2,4D na amostra cria uma expectativa positiva.”