Ex-presidente passou por cirurgia para liberar aderências intestinais e reconstruir o abdome no domingo (13)
Por Leticia Martins, João Rosa, Gabriela Veras da CNN e Alice Groth da CNN, São Paulo e Brasília
14/04/2025 às 10:06 | Atualizado 14/04/2025 às 12:17
Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República, foi submetido a uma nova cirurgia no domingo (13), em Brasília, para tratar uma suboclusão intestinal e reconstruir a parede abdominal. Internado em um hospital de Natal (RN), ele foi transferido à capital federal após apresentar dores intensas no abdômen.
Médico aponta abdome “hostil” e múltiplas cirurgias
O médico-chefe da equipe cirúrgica, Cláudio Birolini, afirmou em coletiva nesta segunda-feira (14) que a parede abdominal de Bolsonaro estava “bastante danificada”, em razão das cirurgias anteriores e da facada sofrida em 2018.
“Era um abdome hostil, múltiplas cirurgias prévias. Aderências causavam um quadro de obstrução intestinal e uma parede abdominal bastante danificada em função da facada e das intervenções anteriores. Isso já antecipava que seria um procedimento bastante complexo e trabalhoso”, explicou Birolini.
O procedimento durou 12 horas. De acordo com o cardiologista Leandro Echenique, essa foi a cirurgia mais complexa enfrentada por Bolsonaro desde o atentado em Juiz de Fora (MG). Segundo ele, a longa duração já era esperada.
Suboclusão intestinal e transferência urgente
Na sexta-feira (11), durante compromisso em Santa Cruz, no interior do Rio Grande do Norte, Bolsonaro começou a sentir fortes dores abdominais. Foi transferido de helicóptero para Natal, onde exames de imagem confirmaram a suboclusão intestinal – uma obstrução parcial do intestino provocada por aderências formadas após múltiplas cirurgias.
No sábado (12), o ex-presidente foi transferido para Brasília, onde os médicos decidiram pela necessidade de intervenção imediata.
“Ponto inicial foi a facada”, diz cirurgião
O médico Cláudio Birolini destacou que a causa principal da sequência de problemas abdominais do ex-presidente foi a facada sofrida em 2018:
“O ponto de início é a facada. As cirurgias iniciais e, depois, as subsequentes têm papel no quadro atual. O objetivo dessa nova cirurgia foi reverter fatores que poderiam causar nova obstrução. Que fique claro para todos: o ponto inicial foi a facada”, reforçou.
O procedimento realizado foi uma laparotomia exploratória — técnica em que o abdômen é completamente aberto para investigar e tratar lesões ou alterações não visíveis em exames de imagem.
Quadro clínico é estável
Bolsonaro segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com quadro estável e sem previsão de alta. Segundo o médico Echenique, ele está consciente, conversando com a equipe médica e até “fez uma piadinha” na manhã desta segunda-feira.
“Está acordado, conversando conosco, já fez até uma piadinha. Então está tudo sob controle”, disse Echenique.